Walter Kuhne Junior

São Paulo / SP

”Oi pai, tudo bem?” Esta foi a minha primeira frase inesquecível, ouvida no aparelho celular, minutos após a ativação do meu processador de voz do aparelho EsPrit, no dia 16 de fevereiro de 2006. Até então, eu fazia leitura labial para entender o que as pessoas diziam. Vítima de uma meningite, precedida por uma infecção renal e por um longo tratamento de quimioterapia, eu acabara de reconquistar o mundo sonoro, após quase um ano sem poder ouvir, vitimado por uma surdez neurossensorial bilateral severa.

Minha esposa, ao meu lado no dia da ativação, decidiu telefonar para a minha filha mais velha, de 10 anos e me entregar o telefone. Eu voltara, então, a conviver com o mundo dos sons. Graduado em Comunicações havia mais de 20 anos, eu jamais pensara sequer um minuto em perder um dos cinco sentidos e retomava ali a minha vida particular, profissional e familiar. Os sonoros minutos após a ativação eram complementados por fortes doses de emoção. Já dentro do carro, liguei o rádio e já identifiquei a primeira emissora a qual sempre costumava ouvir. Num primeiro momento, hesitei em escolher entre música e noticiário.

Ao longo dos meses que se seguiram àquele dia, outros mapeamentos melhoraram ainda mais a minha percepção dos sons.
De volta à empresa onde trabalhava há quase 20 anos, recebi de meus colegas um presente inesquecível: um aparelho de telefone. Através dele, voltei a me comunicar com outros profissionais, fazendo inclusive ligações internacionais, outra grande emoção que o Implante Coclear propiciou. Ciente de que os resultados de um Implante sempre variam de pessoa para pessoa, eu procuro ter uma conduta pró-ativa em meus mapeamentos. Converso muito com as fonoaudiólogas, sugiro novas velocidades de processamento e experimento ajustes mais precisos em relação aos graves e agudos.

Usuário atual do Freedom, eu procuro explorar de forma eficaz todas as alternativas de programação que o ”Smartsound”oferece: o Beam, Adro e o Whisper. Recentemente, eu sentei com minha família na sala e compartilhei com ela a emoção de ouvir as músicas que minhas filhas tinham conseguido na Internet. Eu conectei meu Freedom ao Ipod e saboreei mais esta deliciosa sensação, entre tantas outras que a vida ainda pode trazer.
Obrigado a todas as pessoas que me devolveram o prazer de ouvir novamente.